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05h54 16 Fevereiro 2019
Atualizada em 16/02/2019 às 05h56

‘Ele fez a arma pra me atacar’: Marido espanca mulher a chicotadas diante do filho pequeno

Por BHAZ

Passei a noite em claro e o ferimento queimando muito, mas não podia demonstrar minha dor”. Esse é o relato de mais uma mulher alvo de violência por parte de seu companheiro, o qual acreditava ser o homem de sua vida. Kelian Rocha e Uelinton Oliveira fariam 10 anos de casados em abril deste ano, mas a violência do homem destruiu não só o relacionamento, como parte da vida da agora ex-mulher.

O crime que chocou internautas de todo o Brasil ocorreu na casa da vítima, em Angra dos Reis (RJ), e o motivo seria a chegada da mulher um pouco mais tarde do que ele desejava. O agressor está foragido desde o dia 2 de fevereiro, segundo o inspetor Salazar, chefe da Delegacia de Mulheres do Rio de Janeiro.

Com ajuda da família, Kelian conseguiu fugir e ir direto para a delegacia realizar a ocorrência e cerca de seis dias depois o mandado de prisão do homem foi decretado. A mulher, por sua vez, se isolou em um lugar para fugir do ex-marido. Mas, ainda assim, não se sente totalmente segura.

A agressão sofrida não foi primeira nem a segunda. “Olhou torto você toma uma porrada. ‘Ah você não ta aguentando mais? Vai embora’. Mas, quando você decide ir ele nunca deixa. Fala que vai quebrar tudo, acabar com sua vida”, diz Kelian ao afirmar que a situação se tornou cada vez mais comum. Até que chegou um dia que ela não suportou mais.

Prefeitura Imperatriz/Reprodução

“Ele deixou eu visitar minha sogra, em outra ilha, mas com a condição de ir e voltar no mesmo dia. Fui com sua irmã e com sua comadre. Contudo, não conseguiria voltar cedo, pois o pai dele só poderia me levar depois. Avisei que chegaria mais tarde”, conta Kelian. Quando a vítima chegou em casa, Uelinton estava nervoso e não demorou para começar a coagi-la. “Não vai falar comigo não?”, a questionou. A mulher contou que sua mãe iria visitá-la no dia seguinte e ele negou, afirmando que nunca mais a sogra entraria em sua casa.

Não entendendo a situação, a vítima desesperada o questionou. Mas no mesmo momento ele a trancou dentro do quarto, e quando voltou trazia consigo um pano e um chicote de fios elétricos produzido por ele. “Com uma mão ele pegou meu pescoço e com a outra começou a me chicotear com os fios que ele juntou da obra que estava lá em casa. Isso tudo do lado do meu neném. Eu só conseguia pedir para ele parar, estava com medo de atingir o meu filho”, relata a vítima.

A mulher pediu para tomar banho e o marido não teria deixado, afirmando estar com nojo de sua cara. Contou que rezou muito para que a dor passasse e ela conseguisse fugir, pois as feridas queimavam muito e ela não conseguia se mexer. Após uma noite em claro, a carioca conseguiu fugir com a ajuda dos familiares.

Arquivo pessoal/ Reprodução

Kelian resolveu se casar quando tinha 18 anos e seu sentimento era que o casamento era pra vida toda. Não fazia ideia do que vinha pela frente. “Quando você casa, a agressão não acontece de cara. Acontece toda uma agressão psicológica para chegar na física”, conta Kelian ao BHAZ. Sempre muito religiosa, ela tinha o sonho de cantar profissionalmente no coral da igreja em que frequentava, idealização que aos poucos foi cortada pelo ex-marido.

Segundo a carioca, o domínio é feito aos poucos. “Começa com ‘não gosto de você com esse corte de cabelo’, ‘não gosto de você com essa roupa’, até o ponto de te proibir de estudar e ir à igreja. É sempre assim, ele diz que você não precisa trabalhar, que ele sustenta a casa e lhe dará tudo que você precisa. Isso tudo só pra te ver trancafiada dentro de casa. E a gente pensa ‘ah é meu marido, como não vou fazer?'”.

Arquivo pessoal/ Reprodução

Uelinton mantinha restrito o contato de sua esposa com familiares e Kelian teria ficado 7 anos sem falar com sua mãe e irmã. Isso por não querer que ninguém soubesse dos atos em relação a mulher. Os encontros só ficaram mais possíveis quando o casal teve um filho, hoje com 8 meses. “Quando eu engravidei, pensei que ele mudaria. Mas, a situação só piorou. Ele não me ajudou em nada, além de reclamar sempre que o bebê chorava”, relata a vítima.

Hoje, com 28 anos, a jovem tem o sentimento de recomeço. “Quero cuidar do meu filho. Ele que me impulsionou a sair daquela vida. Além disso, ele ocupa minha mente e me ajuda a esquecer tudo que vivi. Ainda não consigo sair de casa. Sempre eu ligo, até pra farmácia. Mas não estou trancafiada, meu bebê está comigo”, conta aliviada ao BHAZ.

A mulher ainda deixa um recado para mulheres que passam pelo que aconteceu com ela. “Fuja e em hipótese alguma entre em contato. Eles são manipuladores sim. A primeira coisa é sair da cidade, pega o tiver que pegar e sair fora. Depois é buscar um acompanhamento psicológico e procurar ocupar a cabeça”, recomenda.

 

 

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