Saúde
11h06 11 Outubro 2019
Atualizada em 11/10/2019 às 11h13

Dia Mundial da Obesidade: por que você quer comer alimentos gordurosos após uma noite ruim de sono?

Por JM Online
Israel Junior

Novo estudo da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, aponta que as pessoas sentem vontade de comer alimentos mais calóricos após uma noite mal dormida. Já temos um culpado: o sistema olfativo.

A privação de sono afeta o olfato de duas maneiras. Primeiramente, ele começa a operar mais intensamente para conseguir diferenciar melhor odores alimentares dos não alimentares. O problema é que, simultaneamente a isso, ocorre uma falha na comunicação com outras áreas do cérebro ligadas às alimentações. Resultado: as decisões sobre o que comer mudam.

“Quando você não dorme bem, essas áreas do cérebro podem não estar recebendo informações suficientes, e você está compensa escolhendo alimentos mais calóricos”, disse o autor sênior do estudo, Thorsten Kahnt, professor-assistente de neurologia da Northwestern University Feinberg School of Medicine.

Antes de chegar a essa conclusão, os pesquisadores fizeram experimento com 29 voluntários, entre homens e mulheres, com idades de 18 a 40 anos. Eles foram divididos em dois grupos – o primeiro dormiu uma quantidade de horas considerada suficiente durante quatro semanas e depois eles passaram o mesmo período descansado apenas quatro horas ao longo da noite; a experiência foi ao contrário para o segundo grupo.

Os cientistas serviam aos participantes um menu controlado para as refeições – café da manhã, almoço e jantar. Ao mesmo tempo, era oferecido buffet de lanches. A partir daí, os profissionais analisavam o que os participantes comiam e em qual quantidade.

Eles perceberam que as escolhas alimentares mudavam quando os participantes dormiam menos: eles optavam por comidas mais calóricas, como donuts, biscoitos de chocolate e battas fritas. Os pesquisadores também mediram os níveis sanguíneos de compostos endocanabinóides envolvidos na regulação do apetite, no sistema imunológico e no controle da dor. As análises mostraram que um dos compostos aumentava após uma noite de privação do sono, o que explicaria as (más) escolhas à mesa.

Os participantes ainda passavam por ressonância magnética enquanto sentiam cheiros de alimentos e outros odores. O objetivo do exame era analisar se existia alteração no córtex piriforme, a primeira região do cérebro que recebe informações pelo nariz. Os cientistas descobriram que a atividade no córtex piriforme percebia mais a diferença entre odores alimentares e não alimentares quando o voluntário dormia menos.

Isso acontece porque o córtex piriforme normalmente envia informações para outra área do cérebro, chamada córtex insular. A ínsula recebe sinais importantes para a ingestão de alimentos, como cheiro, sabor e quanta comida há no estômago. Mas a ínsula de um indivíduo privado de sono mostrou conectividade reduzida com o córtex piriforme – o que também tem a ver com a alimentação no dia seguinte.

Segundo Thorsten Kahnt, quanto não comunicação adequada entre o córtex do piriforme e o córtex insular, certos odores acabam sendo percebidos de forma mais intensa. E a tendência é comermos mais. Mas fica o alerta: a solução para evitar isso não é apenas garantir boas noites de sono. Quando dormir pouco, evite passar em frente a lanchonetes, fast foods e outras “gordices”. Assim, nem você nem seu nariz passam por qualquer tipo de tentação.

*Com informações da Revista Galileu

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