Café
08h24 25 Novembro 2019
Atualizada em 25/11/2019 às 08h34

Como fazer café coado como um profissional, segundo quem entende do assunto

Por Luiza Belloni/HuffPost Brasil
Grandriver via Getty Images
Fazer café coado é uma arte

O HuffPost Brasil esteve na Semana Internacional do Café, que aconteceu entre os dias 20 e 22 de novembro no Expominas BH, em Belo Horizonte, Minas Gerais, e conversou com especialistas da bebida e até participou de um workshop de como fazer café coado.

Aqui vai o passo a passo de como fazer café em casa e dicas de como se profissionalizar no tema.  

Como fazer um café coado com perfeição em 6 passos

Escolha um bom café. Se você já tem uma marca preferida, vá com ela. Porém, segundo a mestre de torra Bruna Mussolini, buscar cafés diferentes e complexos é uma boa alternativa para abrir seu leque de conhecimento. “Nesse quesito, um café especial traz muitas possibilidades. O mais legal deste café é a gama de aromas e sabores dos diferentes terroás [onde o café é cultivado]”. 

Atenção com a água. Com o café em mão, a próxima etapa é a escolha da água ? que é mais importante nesse processo do que você imagina. Conforme ensinou Gisele Coutinho, que faz cursos sobre cafés especiais, utilizar água filtrada, água mineral ou água da torneira pode alterar o gosto do café, uma vez que a fervura não retira todos os compostos da água. Uma água da torneira, por exemplo, pode ter mais cloro e isso pode afetar no resultado final.

Filtro escaldado. A próxima etapa é limpar o filtro de papel antes de coar o café. “Normalmente a gente coloca o filtro de papel e joga o pó e a água fervente tudo de uma vez. Mas é fundamental que a gente escalde esse filtro antes”, conta Raquel Meirelles. Ao ferver a água, molhe o filtro antes de acrescentar o café. Isso evita que o sabor e até o cheiro do papel (da celulose) interfira no produto final. “Coloque o filtro, jogue uma água quente em todo o coador e depois acrescente o pó de café”, sugere Meirelles. 

Cuidado com a temperatura. Segundo Meirelles, evite jogar água muito quente no pó, para não o queimar. Não é preciso comprar termômetro, basta esperar um minuto após desligar o fogo. 

Passe o café em círculos. Gisele Coutinho não recomenda jogar a água fervente de uma vez no café. O ideal é colocar água aos poucos, em movimentos circulares, até o fim. Colocar água de uma vez só pode deixar o café mais fraco e menos saboroso.

Cuidado ao guardar o café. Não só a preparação que impacta a qualidade do café. Como o produto oxida quando entra em contato com o ar, as especialistas não recomendam guardar o produto por muito tempo, mesmo mantendo-o em local fresco e sem umidade. “Ele naturalmente vai oxidar, então não é bom deixar ele aberto por muito tempo. Quanto mais fresco é o café, melhor vai ser a bebida”, finaliza Raquel Meirelles.

Seja um especialista em cafés

Amantes da bebida pode ir além e aprimorar não só a técnica de passar o cafezinho, mas também como avaliar um bom café. E, para as especialistas, nada adianta se você ainda adoça sua bebida. 

“O consumidor médio brasileiro consome cerca de 12 gramas de açúcar por xícara de café. Assim todo o café vira a mesma coisa”, conta Raquel Meirelles. “A primeira forma de começar a identificar toda a complexidade de um café é tirando o açúcar.”

Segundo Meirelles, pesar a mão no açúcar pode estar relacionado não só ao hábito, mas ao gosto do café. “Muita gente fala que não consegue beber sem açúcar, mas pode ser um café de pior qualidade.”

Outro tabu é a cor da bebida. O brasileiro comum, continua Meirelles, gosta de café escuro e muito forte e tende a rechaçar o café com uma torra mais clara ? que normalmente é o de melhor qualidade. 

″É importante entender por que o café especial tem uma torra clara. Quando se torra mais o café, se escondem também os defeitos dele. Tem café que pode ter até palha no meio e, quando se torra muito, não é perceptível”.

Para quem quer contemplar ainda mais o café, eis uma outra dica: espere ele ficar mais morno, e não beba logo após ser feito. “A recomendação é tomar não tão quente e sem açúcar”, enfatizou Meirelles.

Encontrando um bom café no mercado

De acordo com Bruna Mussolini, aprimorar seu paladar está diretamente relacionado à busca por cafés diferentes, de linhas premiuns.

É fato que a precificação de um produto mais artesanal será maior do que um café de commodity. “Não é pelo sentido do valor, mas pela qualidade mesmo”, justifica Bruna, acrescentando que cafés especiais são indicados para quem quer aprender mais sobre o mundo do café. 

Mas não só o preço que torna um café especial. Veja abaixo o que você precisa prestar atenção ao comprar um café de qualidade:

• Veja a procedência, como a região, altitude e processamento desse café, no rótulo; 

• Café especial deve ter uma pontuação acima de 80 no método SCAA de avaliação;

• Deve ser 100% arábica.

 Segundo Bruna Mussolini, a espécie arábica requer um cuidado maior do que a espécie canephora. “Como o arábica precisa de mais altitude, o grão terá maior complexidade e isso já é uma característica bacana”, acrescenta. 

A última sugestão de Bruna é sempre testar novas possibilidades, seja de grãos ou mesmo de características de torra. “Tem gente que gosta de mais frutados, mais leves, mais encorpadas ou doces. Com o tempo você ganha memória olfativa e isso faz com que seu paladar fique mais aguçado e você, é claro, mais exigente”, finaliza. 

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