Uberaba/MG
12h29 27 Novembro 2019
Atualizada em 27/11/2019 às 13h30

Ex-companheira confessa ter assassinado homem com a ajuda do irmão

Os irmãos confessaram matar a vítima para roubar o carro e vendê-lo para obter dinheiro para ir embora para o Líbano
Por Tulio Micheli/JM Online
Jairo Chagas
O corpo do homem que estava desaparecido foi localizado próximo de uma estrada vicinal

Mais um homicídio foi confirmado na noite dessa terça-feira (26), em Uberaba/MG, quando o corpo de um homem, de 38 anos, que estava desaparecido desde o último dia 5 de novembro, foi localizado próximo de uma estrada vicinal, nas imediações da AMG-2595, antiga Filomena Cartafina.

Conforme o titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Cyro Moreira, no dia 5 de novembro, a vítima recebeu um telefonema de uma mulher, dizendo que tinha uma pessoa interessada em comprar seu veículo, um Ford Fiesta, que inclusive era oferecido nas redes sociais pela vítima. Porém, do outro lado da linha, quem trazia a proposta era sua ex-mulher.

Por volta de 10h, o homem saiu de casa e avisou ao pai sobre a proposta de venda do veículo, informando que levaria o carro para ser negociado, porém, de lá para cá, não foi mais visto. O pai, no mesmo dia, chegou a registrar um boletim de ocorrência do desaparecimento do filho.

Início das investigações

Diante do desaparecimento, a Polícia Civil começou a investigar o caso. Nas primeiras horas conseguiu informação de que, no mesmo dia do registro do desaparecimento, o carro da vítima teria caído em uma blitz de trânsito em Goiânia.

Quem dirigia o carro da vítima era seu ex-cunhado e, durante abordagem, apresentou sinais de embriaguez. Na sequência, foi autorizado que uma outra pessoa buscasse o veículo na blitz e, ao se identificar, verificou-se que quem retirou o carro foi uma mulher, sendo ela a irmã do homem que dirigia, consequentemente, a ex-companheira do homem dado como desaparecido.

Teste com luminol

A Polícia Civil seguiu com as investigações e conseguiu descobrir onde a ex-mulher e o cunhado da vítima residiam. Eles moravam juntos e, em visita ao imóvel, os investigadores perceberam que o local estava praticamente vazio, abrindo a possibilidade de fuga dos suspeitos.

Os investigadores optaram por aplicar o reagente luminol (mistura química que, em contato com o sangue, causa reação de luminescência) no imóvel, encontrando várias marcas em um dos quartos da residência. De acordo com o delegado, análises posteriores confirmaram que realmente se tratava de sangue humano.

Mudança de país

As investigações seguiram o curso até que policiais da DHPP descobriram que os irmãos haviam solicitado a renovação de seus passaportes na Polícia Federal. A possibilidade de fuga preocupou investigadores e o delegado, que rapidamente encaminharam pedido de prisão dos suspeitos ao Judiciário.

No mesmo dia, Cyro Moreira também pediu a prisão do pai dos suspeitos, uma vez que o delegado entendeu que o homem poderia ter tido alguma participação no caso, podendo, inclusive, ter tentado lavar o imóvel para limpar supostas marcas de sangue.

Prisão no aeroporto

Na segunda-feira (25), os irmãos tentavam embarcar para Beirute, capital do Líbano, onde tinham descendência familiar. O fato de terem comprado apenas passagens de ida teria deixado ao delegado mais uma clara evidência de tentativa de fuga.

Porém, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, mesmo após realizar o check-in, os suspeitos foram detidos pela Polícia Federal antes do embarque, uma vez que seus nomes constavam em lista de pessoas procuradas pela polícia.

Os policiais federais mantiveram contato com os investigadores de Uberaba, que confirmaram o mandado de prisão.

Os dois acusados chegaram em Uberaba na noite desta terça-feira (26) e foram ouvidos pelo delegado Cyro Moreira. O fato mais importante ainda precisava ser esclarecido, ou seja, o que teria acontecido com a vítima, uma vez que não havia corpo para configurar homicídio.

Interrogando os suspeitos

A primeira a ser ouvida foi a ex-mulher da vítima. De acordo com o delegado, ela confessou o crime e disse que ela e o irmão teriam assassinado seu ex-companheiro para fugir e vender o carro dele, e com isso, conseguir dinheiro para deixar o país. O delegado ainda afirmou que ela e a vítima teriam um filho, de 18 anos.

Ainda de acordo com Cyro Moreira, o irmão foi ouvido na sequência e também confessou o crime, contando praticamente a mesma versão apresentada pela irmã. Ele trouxe detalhes sobre o crime, e afirmou que matou o ex-cunhado por asfixia.

Na sequência ele colocou o corpo no porta-malas do carro, abandonou o ex-cunhado já sem vida em estrada vicinal próximo à Filomena Cartafina e na sequência rumaram para Goiânia, onde teriam familiares.

Indicando local onde o corpo estava

Para fechar as investigações, restava apenas descobrir onde estava o corpo da vítima, uma vez que os irmãos haviam confessado o crime.

Sem receio e colaborando com a Polícia Civil, o ex-cunhado concordou em levar os policiais até o local. Porém, antes, ele afirmou que no dia do crime estava sob efeito de remédios, enfatizando seu descontrole emocional.

Na companhia do delegado e dos investigadores, ele levou os policiais e peritos até o local onde estava o corpo da vítima. Em avançado estado de decomposição, os restos mortais foram encaminhados para o Instituto Médico Legal, onde posteriormente devem passar por exames de DNA para confirmar a identidade da vítima.

Inocentando o pai e pedindo perdão

Antes de levar os policiais até o local onde estava o corpo, o homem fez questão de reiterar a inocência do pai. Segundo ele e a irmã, o pai não teve qualquer envolvimento com o crime, e estaria preso equivocadamente. O delegado levou as alegações em consideração e deve, nas próximas horas, solicitar a liberdade do pai dos acusados.

Antes de deixar a delegacia, o homem aceitou conversar com a reportagem e, em poucas palavras, fez um pedido.

"A única coisa que eu queria falar é que a gente não estava fugindo, pois essa viagem já era um planejamento de muito tempo. Eu queria ainda pedir perdão para a família dele [vítima], pois eu gostava muito dele e ele gostava muito de mim. E também gostaria de pedir perdão para a minha família. Apenas isso que eu quero, que a família dele e a minha família nos perdoem por isso", finalizou o autor.

Após os fatos e confirmação do crime, os irmãos foram encaminhados para a Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, onde permanecem à disposição do Judiciário.

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