A Embrapa Agrossilvipastoril, localizada em Mato Grosso, acaba de anunciar o Sistema Bacaeri – BoiTeca. Esta iniciativa consiste na integração entre a pecuária de corte e a silvicultura de teca (Tectona grandis), promovendo uma abordagem sustentável para a produção agropecuária.
Esse modelo de produção não só intensifica a atividade rural, mas também oferece uma nova fonte de renda para os pecuaristas. A teca, conhecida por ser uma madeira nobre de origem asiática, tem um expressivo potencial econômico nas regiões tropicais do Brasil. O sistema permite o cultivo de linhas de árvores entre a pastagem, garantindo que a atividade de pecuária ocorra normalmente durante o crescimento das árvores. Assim, é possível gerar receitas ao longo dos aproximadamente 20 anos até o corte das tecas.
A Embrapa anotou que, nos primeiros 10 a 18 meses, o gado pode ser mantido na área, integrando a atividade agrícola e permitindo a produção de silagem e feno, além da recuperação da forrageira.
O manejo dos desramas das árvores é essencial, pois melhora a qualidade da madeira e aumenta a incidência de luz, o que evita a perda de produtividade das pastagens. Além disso, as sombras das copas proporcionam conforto térmico ao gado, resultando em um incremento no ganho de peso.
Pesquisas da Embrapa revelaram que o acesso à sombra proporcionada pelas árvores melhora a saúde e a produtividade dos bovinos, favorecendo seu sistema imunológico e a produção de hormônios. O pesquisador Maurel Behling destacou que em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), as árvores em linha apresentam taxas de crescimento superiores em relação às plantadas em monocultura. A implementação desse sistema possibilita novas fontes de receita, sem substituir a monocultura de pasto por outra de floresta.
Os primeiros plantios de teca em nosso estado começaram em 2000 na propriedade do produtor Arno Schneider, que visava diversificar a renda de forma sustentável. A Fazenda Bacaeri, que também começou a cultivar teca, adotou a integração com a pecuária em 2008, após a chegada de mudas clonais no Brasil. Com a criação da Embrapa Agrossilvipastoril em 2009, deu-se início às pesquisas em unidades de referência tecnológica, como a Fazenda Brasil e Fazenda São Paulo.
A Embrapa estima que cerca de 4 mil hectares em Mato Grosso adotem o sistema silvipastoril, sendo esse o estado com a maior área cultivada com teca no Brasil. O produtor Antônio Passos, da Fazenda Bacaeri, acredita que o sistema possui grande potencial de expansão, embora advirtam sobre as limitações de solo e clima, que demanda um manejo adequado.
A tecnologia do Sistema Bacaeri – BoiTeca foi apresentada em um livro sobre a teca no Brasil e atraiu o interesse da Teak Resources Company (TRC), que firmou uma parceria com a Embrapa para validação e divulgação do sistema através de eventos, como o previsto para esta quinta-feira (8) em Cáceres, MT. Desde a parceria, 350 hectares já foram integrados, com a meta de expandir para 12,5 mil hectares em cinco anos, dependendo do interesse dos pecuaristas e do financiamento disponível.
Para o sucesso do sistema, a Embrapa recomenda cuidados no planejamento das áreas, espaçamento correto entre plantas, podas e manejo fitossanitário. A pesquisa também sugere que o sistema ILPF pode ajudar a reduzir emissões de gases de efeito estufa e contribuir para práticas de produção agropecuária sustentáveis, permitindo que os pecuaristas pleitem créditos de carbono.