Agronegócios
13h10 30 Abril 2025
Atualizada em 30/04/2025 às 13h10

Kepler Weber tem queda de 51% no lucro do 1º trimestre, para R$ 25,6 milhões

Por Gabriel Azevedo Fonte: Estadão Conteúdo

A Kepler Weber reportou lucro líquido de R$ 25,6 milhões no primeiro trimestre de 2025, queda de 51% em relação ao mesmo período do ano passado. O recuo foi atribuído pela companhia à combinação de quebra de safra no Cerrado, retração nos preços da soja e do milho e manutenção dos juros em patamar elevado. A receita líquida caiu 6,1%, para R$ 357,2 milhões, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recuou 41,5%, para R$ 52,9 milhões.

O CEO Bernardo Nogueira afirmou que o primeiro trimestre do ano passado foi "abençoado" por uma safra recorde e preços elevados da soja, enquanto o início de 2025 refletiu uma realidade mais desafiadora.

"A armazenagem virou prioridade. Não vimos queda na demanda, e sim margens mais apertadas", disse o executivo.

Segundo ele, o volume embarcado no período foi superior ao registrado nos três anos anteriores, reforçando a tese de que o déficit estrutural de armazenagem no Brasil sustenta a demanda mesmo em cenários de baixa.

A companhia manteve 284 obras em andamento no período e projeta uma aceleração gradual no segundo semestre, impulsionada pela safra recorde e pela melhoria gradual da renda do produtor rural.

O CFO Renato Arroyo destacou que a companhia encerrou o trimestre com caixa líquido de R$ 54,6 milhões e reforçou a distribuição de R$ 52 milhões em dividendos extraordinários no mês de abril como um sinal de confiança na geração de caixa. "Distribuir dividendos não obrigatórios demonstra que seguimos gerando caixa operacional robusto, mesmo em ambiente adverso", disse o executivo.

A margem Ebitda do trimestre foi de 14,8%, ante 23,8% no mesmo período do ano passado. O lucro líquido representou 7,2% da receita líquida, ante 13,9% um ano antes. Segundo Nogueira, a compressão das margens era esperada, uma vez que o ciclo agrícola de 2023/24 impactou a capacidade de pagamento do produtor. "O produtor precisa de mais sacas para pagar a parcela, então negocia com mais força. Mas a demanda segue sólida", afirmou.

Entre os segmentos de negócio, a área de Reposição e Serviços cresceu 28% no trimestre, para R$ 73,1 milhões, refletindo a estratégia da companhia de buscar fontes de receita mais recorrentes. A área de Negócios Internacionais avançou 5,6%, atingindo R$ 41 milhões, puxada por vendas na América Latina e ganhos de mercado na África. O segmento de Fazendas se manteve praticamente estável, com receita líquida de R$ 131,7 milhões.

Já Agroindústrias registrou leve queda de 4,9%, para R$ 100,8 milhões, enquanto Portos e Terminais recuou 77,2%, para R$ 10,6 milhões, afetado pela sazonalidade típica do primeiro trimestre. Apesar da redução em Portos e Terminais, a Kepler informou ter um pipeline recorde para novos projetos no segmento, com expectativa de retomada ao longo de 2025.

A companhia também anunciou a assinatura do maior contrato dos últimos cinco anos, no segmento de biocombustíveis, para a instalação de uma unidade de grande porte de etanol de milho. O faturamento do projeto está previsto para ocorrer no segundo semestre deste ano, com possíveis reflexos também em 2026. "O agro brasileiro está se industrializando rapidamente, e biocombustíveis são uma das nossas apostas para diversificar a receita", destacou Nogueira.

Completando 100 anos em 2025, a Kepler reafirmou sua tese de longo prazo baseada na expansão da capacidade de armazenagem no Brasil e na América Latina. "O déficit estrutural de armazenagem não vai desaparecer nos próximos 20 anos. Seguimos focados em diversificação, eficiência operacional e expansão internacional para capturar esse potencial", afirmou o CEO.

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