O Banco Central (BC) apresentou novos dados da sua trajetória para o hiato do produto no Relatório de Política Monetária (RPM) do segundo trimestre, publicado nesta quinta-feira, 26. Para o primeiro trimestre deste ano, a estimativa é de uma taxa de 0,9% para o indicador e, para o segundo, de 0,5%.
"Considera-se que valores positivos para o hiato são consistentes com a pressão inflacionária observada recentemente. Entretanto, antecipa-se uma redução do hiato para valores negativos ao longo dos próximos trimestres", adiantou a autoridade monetária, revelando que, no quarto trimestre de 2026, a variável deverá estar em -0,8%.
Conforme o documento, as condições monetárias restritivas desempenham papel fundamental nesse movimento. "O elevado nível da taxa de juros real ex-ante é o principal fator na desaceleração da atividade econômica do cenário de referência", enfatizou.
Na edição anterior, o BC tinha apresentado as seguintes variações para outros períodos: a estimativa para o quarto trimestre de 2024 estava em 0,8%; a projeção para o primeiro trimestre de 2025, em 0,6% e a para o terceiro trimestre de 2026, em -0,8% .
Apesar da revisão, as estimativas do BC para o hiato do produto continuam sensivelmente abaixo das projeções do mercado. As medianas do Questionário Pré-Copom (QPC) de junho indicavam hiato positivo em 1,2% no primeiro trimestre deste ano, diminuindo a 0,6% no quarto trimestre de 2025 e a 0,3% no fim de 2026. Na última pesquisa especial do Projeções Broadcast, as estimativas intermediárias eram de 0,4% no fim de 2025, e de zero no fim do ano que vem.
Mais uma vez, o RPM salientou que o hiato do BC incorpora informações de diferentes metodologias e julgamento do Comitê de Política Monetária (Copom). "Ressalta-se ainda que, em virtude da elevada incerteza existente nas estimativas do hiato do produto, o Copom avalia projeções com diferentes estimativas e cenários para essa variável."
O BC manteve a sua estimativa de taxa real neutra de juros no cenário de referência estável em 5,0%, o mesmo nível do RPM de março e também abaixo das medianas do QPC (6,0% no curto prazo, 5,5% em dois anos) e da pesquisa da Broadcast (5,6% no curto prazo, 5,5% em dois anos).