O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira que, de maio para julho, a questão das tarifas foi politizada pela oposição no sentido de misturar a questão comercial com política. "E os Estados Unidos têm o direito, um governo democrático, tem o direito de buscar a solução para sua economia mesmo que não atenda o mundo, mesmo que tenha causado uma certa perplexidade por ser uma solução inusitada e que podia ser evitada em relação ao país, que se dizia liberal até outro dia", disse o ministro em entrevista à Band News.
Assim mesmo, segundo ele, há que se considerar esse fato: "Foi politizada de uma forma que nenhum outro país viveu", ressaltou. "E nós estamos falando de países que não são democráticos, de países que têm governos autoritários, países que têm governos despóticos. E, nem por isso, as tarifas foram usadas com finalidade política. Aqui, em virtude da oposição ter se mobilizado contra os interesses nacionais, mudou de maio para julho a posição dos Estados Unidos da América", disse.
Para ele, o governo tem que procurar despolitizar o debate comercial. De acordo com Haddad, o comércio internacional não pode ser utilizado para interesses eleitorais de um país que quer ver o Brasil governado por forças que querem entregar as riquezas nacionais, incluindo terras raras, os minerais críticos. "O Pix, por exemplo, que nós entendemos que tem que ser mantido sob a responsabilidade do nosso Banco Central, tudo isso são questões de soberania nacional que nada têm a ver com o debate comercial. Nós precisamos compreender que, primeiro, nós somos um país soberano e democrático."
Ainda, disse Haddad, "nós temos poderes independentes uns dos outros". "O presidente Lula não pode se imiscuir num assunto que diz respeito a outro poder, então nós temos regras constitucionais, desde 1988, que estão estabelecidas; então há uma série de questões que precisam ser levadas à consideração de um país, que até outro dia era nosso parceiro, para que compreenda o funcionamento da nossa democracia, que é diferente da de lá."