Um estudo realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 77,8% das exportações brasileiras para os Estados Unidos estão sujeitos a sobretaxas comerciais. Esse cenário é resultado de três medidas tarifárias impostas pelo governo americano desde o início de 2023. As análises consideram uma tarifa geral de 10%, uma alíquota adicional de 40% específica para o Brasil e as medidas setoriais da Seção 232, que impõem sobretaxas de até 50% a setores como siderurgia e automotivo.
Ainda segundo a CNI, mais da metade das mercadorias exportadas pelo Brasil para os EUA enfrenta tarifas de até 50%, sendo que 45,8% dos produtos estão diretamente sujeitos a sobretaxas exclusivas ao Brasil. As tarifas têm impacto significativo na indústria de transformação, que respondeu por US$ 12,3 bilhões em exportações sujeitas a essa tarifação em 2024, representando 69,9% do total afetado.
Os setores mais impactados incluem vestuário, máquinas e equipamentos, alimentos e químicos, além de produtos como aço e alumínio que também enfrentam alíquotas significativas.
Por outro lado, 22,2% das exportações ainda permanecem isentas de tarifas adicionais, em especial na indústria extrativa, que abrange petróleo leve e pesado. Na indústria de transformação, combustíveis automotivos e óleos combustíveis pesados sem biodiesel são contemplados com isenções.
A tarifa de 40% imposta recentemente prevê isenção condicionada a produtos destinados à aviação civil, o que pode beneficiar o setor aeronáutico, permitindo que 577 produtos sejam tarifados somente em 10%. Isso aliviaria a pressão sobre essa categoria.
Além das tarifas atuais, o governo norte-americano continua com investigações abertas sob a Seção 232, possíveis de afetar novos setores, como aeronaves, caminhões e semicondutores.
Para lidar com os impactos dessas barreiras, a CNI propôs ao governo brasileiro um conjunto de medidas emergenciais, incluindo uma linha de crédito especial do BNDES com juros reduzidos, além da ampliação do Reintegra e reativação do Programa Seguro-Emprego.
“O levantamento evidencia a gravidade da situação e a necessidade urgente de articulação entre o governo e o setor produtivo. Devemos assegurar nossa capacidade exportadora e responder rapidamente a essa escalada protecionista”, declarou Ricardo Alban, presidente da CNI, em declaração.