Política
16h40 07 Julho 2025
Atualizada em 07/07/2025 às 16h40

BRICS Brasil/Lula: (uso de moeda local) não tem volta; vai acontecendo até se consolidar

Por Por Daniela Amorim e Juliana Garçon, e Laís Adriana e Célia Froufe, enviadas especiais Fonte: Estadão Conteúdo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta segunda-feira, 7, que a adoção de moeda local em vez do dólar em transações internacionais é uma tendência em desenvolvimento, uma evolução sem volta. "Em 2004, nós fizemos isso com a Argentina. Em 2004 nós aprovamos um comércio entre o Brasil e a Argentina que poderia ser feito nas moedas locais", lembrou.

O presidente brasileiro concedeu uma entrevista à imprensa ao fim da Cúpula de Líderes do Brics, no Museu de Arte Moderna, no centro do Rio de Janeiro. "Eu acho que o mundo precisa encontrar um jeito de que a nossa relação comercial não precise passar pelo dólar. Quando for com os Estados Unidos, ela passa pelo dólar, mas quando for com a Argentina não precisa passar, quando for com a China não precisa passar, quando for com a Índia não precisa passar. Quando for com a Europa, discute-se em euro. Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão. Em que fórum foi determinado?", questionou o presidente.

Essa transição, porém, será acompanhada pelos bancos centrais dos países envolvidos, mencionou Lula. "Obviamente que nós temos todas as responsabilidades de fazer isso com muito cuidado. Os nossos bancos centrais precisam discutir isso com os bancos centrais dos outros países. Mas é uma coisa que não tem volta. Isso vai acontecendo aos poucos, vai acontecendo, até que seja consolidado", previu.

O presidente mencionou ainda que o bloco do Brics está em transformação, uma construção em que a relação entre os membros seja justa e participativa. O grupo, defendeu ele, não tem "porteira fechada", e seus chefes de estado estão dispostos a avaliar eventuais pedidos de ingresso de novos membros.

"Os Brics, seu eu pudesse utilizar o Raul Seixas, eu poderia dizer para vocês que os Brics são uma metamorfose ambulante. Não é aquela coisa que já está pronta. O Brics é uma criança em crescimento. Nós estamos aprendendo, não tentando repetir o erro dos outros, estamos tentando fazer algo novo. Portanto, eu estou muito tranquilo com os Brics. Acho que os Brics é a coisa nova que surgiu num mundo em que a geopolítica estava determinada por meia dúzia de países considerados ricos", afirmou.

Questionado sobre a disputa com o Congresso em torno do aumento de alíquotas do IOF, Lula respondeu que não participa de nenhuma mesa de conciliação sobre o assunto, mas que vai conversar com o advogado-geral da União, Jorge Messias, após encontros já agendados em Brasília com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto.

"Eu não estou participando de nenhuma mesa de conciliação. Nós mandamos uma proposta para o congresso. O congresso resolveu fazer uma coisa, na minha opinião, totalmente anticonstitucional. porque decreto é uma prioridade para o governo, do Executivo", disse Lula. "Não tem nada de anormal. Tem uma divergência política que é própria da democracia, e vamos resolvendo os problemas."

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