A resposta militar do governo Trump aos distúrbios em Los Angeles deve custar US$ 134 milhões (R$ 746 milhões) por 60 dias de operações, segundo o Pentágono. Cerca de 700 fuzileiros navais chegaram cidade nesta terça, 10, onde também foram mobilizados 4 mil soldados da Guarda Nacional da Califórnia, federalizados sem a aprovação do governador do Estado, Gavin Newsom.
Os protestos se espalharam para outras cidades, incluindo Nova York, Chicago e São Francisco. O epicentro, porém, segue sendo Los Angeles. A mobilização popular levou o governo americano a tomar a rara medida de enviar fuzileiros da ativa para a área.
Ao defender sua decisão, Donald Trump afirmou ontem que Los Angeles está sendo invadida por "animais e inimigos estrangeiros". Newsom, governador democrata, comparou as ações do republicano às de regimes autoritários.
O Departamento de Polícia de Los Angeles afirmou que mais de 100 pessoas foram presas durante os protestos de ontem, quase todas por não se dispersarem. Dois policiais foram tratados em um hospital por ferimentos.
A prefeita Karen Bass pediu ao governo federal que interrompa as batidas do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) que incitaram os protestos. Ao mesmo tempo, condenou os manifestantes que causaram danos à cidade. "Deixe-me ser clara: qualquer pessoa que vandalizou o centro da cidade ou saqueou lojas não se importa com nossas comunidades de imigrantes. Você será responsabilizado", disse ela no X.
Detenções
O governador da Califórnia entrou com uma moção de emergência em um tribunal federal para impedir que membros da Guarda Nacional e fuzileiros participem das operações de imigração. "Trump está colocando as forças armadas dos EUA contra cidadãos americanos", escreveu Newsom no X. A liminar foi negada. O pedido segue nos tribunais. Uma nova audiência está marcada para esta quinta, 12.
Trump inicialmente enviou a Guarda Nacional para proteger prédios e funcionários federais. Mas o pedido do governador afirma que o departamento militar do Estado foi informado de que o Pentágono planeja mandar as tropas para fornecer apoio às operações de detenção de imigrantes.
Após ser questionado por membros do Congresso ontem, o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, recorreu à sua controladora interina, Bryn Woollacott MacDonnell, para responder sobre a mobilização.
A pressa de Trump em deslocar as tropas, no entanto, deixou dezenas de soldados sem acomodações adequadas para dormir, forçados a se amontoar em prédios federais, descansando no chão de porões e docas de carga, segundo o jornal San Francisco Chronicle.
A história e as fotos dos soldados foram compartilhadas por Newsom no X. Uma fonte que pediu para falar sob condição de anonimato disse ao jornal que as tropas estavam "extremamente despreparadas". Os soldados foram destacados sem financiamento federal para necessidades básicas e as autoridades estaduais não puderam fazer nada.
O Pentágono garantiu que os homens da Guarda Nacional têm acesso a comida e água e estavam descansando em local improvisado porque era perigoso demais tentar encontrar acomodações adequadas.
Justificativa
Trump defendeu sua decisão em um discurso em Fort Bragg (Carolina do Norte), organizado para celebrar o 250.º aniversário do exército. Ele deixou em aberto a possibilidade de invocar a Lei de Insurreição, um dos poderes de emergência mais extremos disponíveis ao presidente. Ela o autoriza a enviar militares para reprimir rebeliões ou para fazer cumprir a lei em determinadas situações. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.