Conflitos
09h30 22 Junho 2025
Atualizada em 22/06/2025 às 09h30

Irã acusa Trump de traição e diz que qualquer americano é um alvo legítimo após bombardeio

Por Redação O Estado de S. Paulo Fonte: Estadão Conteúdo

O governo do Irã acusou na manhã deste domingo, 22, o presidente americano, Donald Trump, de traição e declarou "qualquer americano" no Oriente Médio um alvo legítimo de retaliação. Horas depois de ter sido atacado pelos Estados Unidos, o Irã calcula como deve responder ao bombardeio das centrais nucleares de Isfahan, Natanz e Fordow, que colocou os EUA diretamente na guerra de Israel contra o país persa.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse ter muitas opções para responder ao ataque, que incluem além de retaliações contra alvos americanos na região o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde escoa grande parte da produção mundial de petróleo.

Araghchi viajará em breve para Moscou para de reunir com o presidente Vladimir Putin para discutir a crise. "A Rússia é amiga do Irã, temos uma parceria estratégica e sempre nos consultamos e coordenamos nossas posições", disse.

Em uma coletiva de imprensa em Teerã, Araghchi disse que, com o último ataque, Trump "traiu o Irã", com o qual estava envolvido em negociações nucleares, e "enganou seus próprios eleitores", depois de fazer campanha com a promessa de acabar com as guerras eternas dos Estados Unidos.

Araghchi reiterou que o Irã reserva todas as opções para defender seus interesses de segurança e seu povo. Quando questionado se a porta para a diplomacia ainda está aberta, ele disse que "este não é o caso no momento".

"Meu país está sob ataque, sob agressão, e temos que responder com base em nosso direito legítimo de autodefesa", disse ele na coletiva de imprensa.

O aiatolá Ali Khamenei foi levado a um lugar seguro para evitar operações secretas israelenses ou americanas que podem matá-lo e já nomeou sucessores.

Mais cedo, o governo iraniano disse que o país defenderia seu território e segurança "com toda a força e meios" contra o ataque dos EUA, que chamou de "uma violação grave e sem precedentes" do direito internacional.

"O silêncio diante de uma agressão tão flagrante mergulharia o mundo em um nível sem precedentes de perigo e caos", disse o Ministério das Relações Exteriores.

Na TV estatal iraniana, o tom era de indignação após o bombardeio. Um comentarista chegou a dizer que todo cidadão americano ou militar na região é agora um alvo legítimo.

Pouco depois de ter sido alvo do bombardeio, o Irã realizou novos ataques com mísseis balísticos contra Israel. Ao menos 11 pessoas ficaram feridas.

A Agência Internacional de Energia Atômica convocou uma reunião de emergência para discutir o ataque americano ao Irã, mas declarou que não houve vazamento de radiação nos locais bombardeados.

Imagens de satélite obtidas pelo NYT indicam que nos últimos dias os iranianos estavam se preparando para um possível ataque em Fordow, com caminhões sendo vistos deixando a usina.

bombardeio às centrais nucleares com os aviões B-2 e as chamadas bombas "bunker buster", capazes de penetrar as instalações subterrâneas de Fordow e Natanz, ocorreu no começo da noite de ontem (no horário de Brasília) após Trump ter dito na quinta-feira que daria uma chance à diplomacia.

"Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares do Irã, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan. Uma carga completa de bombas foi lançada sobre a principal instalação, Fordow", escreveu em sua rede social, Truth Social.

Pouco mais de duas horas depois, em breve pronunciamento na noite deste sábado, Trump defendeu os bombardeios: "Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã", disse.

(Com agências internacionais)

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