Em um retorno à política nuclear da Guerra Fria, o Reino Unido vai adquirir um esquadrão de jatos dos EUA capazes de carregar bombas atômicas. Serão 12 caças-bombardeiros F-35A, que permitirão aos britânicos retomarem a capacidade de lançar armas nucleares do ar. O anúncio foi feito nesta quarta, 25, pelo governo britânico na cúpula da Otan.
O reforço do poder aéreo, igualando os franceses, facilitará eventuais ações britânicas em caso de crise. O Reino Unido também anunciou que se juntaria à missão nuclear aérea da Otan, com aeronaves equipadas com bombas americanas B61 armazenadas na Europa.
Sete membros da Otan, incluindo Alemanha e Itália, têm aeronaves de dupla capacidade que podem transportar ogivas nucleares americanas. O Reino Unido já opera jatos F-35B, mas eles não estão equipados para lançar armas atômicas. "Pela primeira vez em muitos anos, temos de nos preparar para a possibilidade de o Reino Unido ficar sob ameaça direta, em um cenário de guerra", afirmou o governo britânico, em documento justificando a compra.
A decisão de adicionar uma capacidade nuclear aérea à dissuasão do Reino Unido no mar foi antecipada em uma revisão estratégica de defesa, publicada este mês, liderada por George Robertson, ex-secretário-geral da Otan. O relatório identificou a Rússia como uma ameaça grave e pediu que Londres construísse até uma dúzia de submarinos de ataque e investisse bilhões de libras em armas.
Ameaças
Após décadas de relativa paz na Europa, o exército britânico é atualmente menor do que em qualquer outro momento desde a era napoleônica. O governo está investindo em uma campanha de recrutamento e prometeu usar recursos do orçamento para gastos militares.
"Em uma era de incerteza, não podemos mais considerar a paz como garantida, e é por isso que meu governo está investindo em segurança, garantindo que nossas forças armadas tenham o equipamento necessário", disse o premiê britânico, Keir Starmer.
Com o governo sob forte pressão financeira interna e a população britânica enfrentando pressões contínuas do custo de vida, alguns críticos questionaram como compromissos com gastos militares serão pagos e se eles virão às custas de outras prioridades.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.