A Ucrânia afirmou ontem que atacou nesta terça-feira, 3, a ponte da Crimeia pela terceira vez desde o início da invasão russa, depois de passar meses colocando explosivos em uma estrutura de suporte debaixo d'água. O incidente não causou vítimas.
O Serviço de Segurança da Ucrânia, a agência de inteligência conhecida como SBU, postou um vídeo da explosão. Imagens de câmeras de segurança verificadas pelo jornal The New York Times também flagraram o momento em que uma bomba é detonada debaixo d'água sob a Ponte do Estreito de Kerch, que liga o território continental da Rússia à Península da Crimeia. O ataque teve como alvo um pilar da ponte, mas os russos não deram detalhes sobre os danos causados.
Paralisação
O tráfego na ponte foi suspenso por cerca de três horas pela manhã e por duas horas à tarde, de acordo com o canal do Telegram que monitora a operação da ponte. A ponte foi reaberta no início da noite (hora local).
O chefe do SBU, Vasil Maliuk, afirmou em comunicado que a Rússia continua a usar a ponte "como uma artéria logística para abastecer suas tropas", tornando-a um alvo legítimo.
O blog militar Rybar, administrado pelo ex-militar russo Mikhail Zvinchuk, afirmou que um drone submarino ucraniano atacou a ponte, mas atingiu apenas uma barreira defensiva ao redor de um dos pilares. Detritos caíram na estrada localizada acima.
O ataque à ponte ocorreu dois dias depois de a Ucrânia ter conduzido uma das operações mais ambiciosas da guerra dentro do território da Rússia. Com drones, os ucranianos destruíram 41 aviões de guerra russos, incluindo bombardeiros, em bases aéreas espalhadas pelo país.
A Ponte do Estreito de Kerch se estende por 19 quilômetros e é uma das principais rotas de abastecimento para as forças de Moscou que lutam no sul da Ucrânia. Ela é extremamente simbólica para o presidente, Vladimir Putin, que a inaugurou em 2018.
Em outubro de 2022, um caminhão carregado de explosivos foi detonado ao atravessar a ponte, causando uma bola de fogo grande o suficiente para romper os tanques de combustível de um trem que passava, incendiando-o. A explosão arrancou parte da pista e a jogou no mar.
Os russos começaram os reparos, mas, 10 meses depois, a ponte foi atingida novamente pelos ucranianos, que usaram drones marítimos contra seus pilares. A cada ataque, os russos trabalharam para aumentar as defesas ao redor da estrutura.
Alvo
O ataque à ponte ocorreu no mesmo dia em que os russos direcionaram foguetes contra Sumy, cidade no nordeste da Ucrânia, perto da fronteira com a Rússia, onde vivem mais de 200 mil civis, incluindo muitos que fugiram dos combates ao longo da linha de frente. O ataque matou 3 pessoas e feriu outras 25, segundo os ucranianos.
Ontem, em toda a Ucrânia, outros ataques de drones russos mataram pelo menos 10 civis. "É óbvio que, sem pressão global, sem ações decisivas dos EUA, da Europa e de todos no mundo que detêm o poder, Putin não concordará com um cessar-fogo", afirmou o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, em comunicado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.