A escritora Ana Maria Gonçalves, natural de Ibiá/MG, tomou posse na noite de quinta-feira (11) como a primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras (ABL), instituição fundada há 128 anos. A cerimônia foi realizada no Palácio Petit Trianon, sede da ABL, no Rio de Janeiro, e contou com a presença de familiares, escritores, acadêmicos e autoridades.
A autora assume a cadeira 33, anteriormente ocupada por Evanildo Bechara. Com um discurso emocionado, Ana Maria Gonçalves destacou o peso simbólico da conquista. “Não estou aqui apenas por mim, mas por todas as mulheres negras que vieram antes de mim e que foram sistematicamente excluídas dos espaços de poder e saber”, disse.
Ana Maria nasceu em 13 de fevereiro de 1970 em Ibiá, contudo se mudou da cidade ainda criança. Publicitária de formação, iniciou sua carreira literária no início dos anos 2000 e se destacou com o romance "Um defeito de cor", publicado em 2006, obra que se tornou um marco da literatura afro-brasileira contemporânea. Inspirado na trajetória de Luísa Mahin, o livro aborda o racismo, a escravidão e a resistência negra, e foi vencedor do Prêmio Casa de las Américas.
A eleição de Ana Maria Gonçalves, realizada no dia 10 de julho, teve apoio massivo dos imortais, com 30 votos a favor de um total de 31 votantes. Sua posse é considerada um divisor de águas para a Academia, marcada por um histórico de pouca diversidade racial e de gênero.
A nova imortal reforçou, em seu discurso, o compromisso de tornar a ABL mais acessível e conectada com a sociedade brasileira atual. “Estar aqui é um ato de resistência. É também um convite à transformação”, afirmou.