A Ambev, maior cervejaria do Brasil e dona de marcas como Skol e Brahma, além de outras bebidas alcoólicas e não alcoólicas, pode ser um exemplo dos desafios das empresas para cortar a emissão de gases que causam o aquecimento global. A companhia reduziu em 50% as emissões dos escopos 1 e 2 (das próprias operações e da energia consumida, respectivamente), por meio do uso de fontes renováveis. Contudo, ainda faltam as de escopo 3, que englobam toda a cadeia produtiva do campo até o descarte das latas e garrafas e responde por 89% das emissões. A meta é chegar a zero em 2040.
Em entrevista ao Estadão, o diretor de sustentabilidade da Ambev, Luiz Gustavo Talarico, explica mais sobre esse programa e sobre como a empresa atua em outras questões ambientais, como o uso de água e a agricultura. Confira os principais trechos.
A Ambev conseguiu reduzir as emissões de escopo 1 e 2 em 50%. Qual é o caminho previsto para cortar o restante das emissões desses dois escopos?
Já conseguimos reduzir esses 63% das emissões diretas da companhia. É um trabalho que vem desde 2002, quando começamos a trabalhar com recuperação de biogás na nossa operação. Temos um corpo técnico dentro do nosso time industrial que olha as melhores práticas, então temos também trabalhado com outras fontes energéticas. O caminho mesmo é a eficiência, então, primeiro reduzir a quantidade do uso de energia para depois a gente achar formas alternativas.
Quais são as iniciativas?
Para trabalhar com os nossos fornecedores, a gente tem uma plataforma chamada Eclipse. O Eclipse é uma plataforma de colaboração e compartilhamento de informações com os nossos fornecedores e os nossos parceiros comerciais. Hoje, temos monitoramento de toda a cadeia, mas com esses fornecedores a gente trabalha para primeiro engajá-los a entender onde eles estão na jornada climática - por exemplo, quem já tem um departamento específico para a mudança climática, quem já tem metas e ambições, quem já tem um inventário de gases de efeito estufa auditado.
Por que a meta de zerar as emissões até 2040?
A meta é muito baseada no que temos estudado, olhando a ciência e o ecossistema como um todo. Entendemos a nossa velocidade de descarbonização própria, sabemos que 89% das nossas emissões não são diretamente da nossa cadeia. A meta ficar para 2040 vem muito da dificuldade de ter uma cadeia em que algumas coisas ainda dependem muito de combustíveis fósseis. Tem caminhos para chegar em reduções gradativas. Tinha uma intensidade de emissão de carbono para cada litro de bebida produzida, temos que produzir essa mesma quantidade de produtos com 25% a menos de emissões. Estamos no caminhos para isso.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.