As vendas de eletrodomésticos tiveram crescimento de 5% no primeiro trimestre, no comparativo com o mesmo período do ano passado. No total, 28,2 milhões de produtos foram vendidos, o maior volume na série estatística atual da Eletros, a entidade que representa o setor.
O desempenho é atribuído à expansão da renda e do emprego, junto com o aumento nos pagamentos de programas sociais, como o Bolsa Família. Temperaturas mais altas em várias regiões do País também impulsionaram as vendas de equipamentos de climatização e ventilação.
Por outro lado, o crédito mais caro já tem impacto no segmento de linha branca, que inclui produtos como fogões, geladeiras e máquinas de lavar, onde houve queda de 3% das vendas nos três primeiros meses do ano.
"Boa parte dos nossos produtos é adquirida de forma parcelada, e os juros elevados encarecem o crédito, afastando o consumidor e freando o potencial de crescimento da indústria e do varejo", comenta Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros.
Para o ano, a previsão da entidade é de crescimento entre 5% e 10% em relação às vendas de 2024. A base de comparação é considerada alta, já que no ano passado a indústria de eletrodomésticos teve o seu melhor desempenho da última década.
Segmentos
As vendas de ar-condicionado, de 1,9 milhão de unidades entre janeiro e março, deram um novo salto, com alta de 29% em relação ao mesmo período de 2024.
Na linha marrom, segmento que inclui tevês e equipamentos de áudio, houve crescimento de 8% no trimestre, para 3,2 milhões de unidades.
As vendas de eletroportáteis, mais sensíveis à renda, já que normalmente são feitas à vista, somaram 19 milhões de produtos, 4% a mais do que o número apurado um ano antes. O desempenho da categoria foi puxado pelo aumento na demanda por ventiladores.
Na contramão dos demais segmentos da indústria de eletrodomésticos, a linha branca foi o único a registrar retração, com 3,4 milhões de unidades comercializadas no primeiro trimestre, queda de 3% frente aos três primeiros meses do ano passado.
Principal entrave
De acordo com Jorge Nascimento, o crédito mais caro é um dos principais entraves nessa linha de produtos.
"Mesmo com um mercado diversificado e preços competitivos, o consumidor leva em consideração o valor final das parcelas, que é diretamente impactado pela taxa Selic", comenta o executivo.