O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, avaliou que o nível de incerteza permanece elevado, em particular graças à questão tarifária nos Estados Unidos. "Esta semana as incertezas se agravaram ainda mais", disse, em entrevista coletiva após divulgação do boletim macrofiscal.
Segundo Mello, os indicadores de incerteza haviam apresentado queda momentânea, mas voltaram à tona com mais força após Trump ameaçar elevar a tarifa ao Brasil de 10% para 50% e anunciar tarifas a outros países. "Esse indicador (de incerteza) deve voltar a crescer ao longo dos próximos dias", avaliou.
Ele apontou que as incertezas tendem a aprofundar a perda de poder do dólar, o que significa pressão inflacionária nos EUA. O secretário disse que atividade norte-americana permanece resiliente, o que pode levar o Federal Reserve (Fed) a manter o patamar da política monetária ainda em um nível restritivo.
Em relação à China, Mello comentou que há um quadro de resiliência na atividade, com alguma preocupação do ponto de vista da inflação do produtor. "O que por um lado traz preocupações, mas por outro tem ajudado a China a encontrar novos estímulos para sua produção, uma vez que ela também está envolvida na guerra comercial produzida pelos Estados Unidos", comentou.
Na América Latina, o secretário apontou que um dos temas decisivos para a região é justamente o enfraquecimento do dólar, que tem sido mais relevante desde o início do governo do presidente Donald Trump. "Isso tem ajudado países latino-americanos a controlar melhor sua inflação", avaliou. Segundo ele, o Brasil é um dos destaques neste caso, principalmente pelo diferencial de juros em relação aos EUA, o que faz com que o País atraia maior volume de investimentos estrangeiros.