Para ilustrar o conceito de "luxo silencioso", sem ostentação, o gerente geral da Visa No Brasil, Nuno Lopes Alves, convidou um grupo de 15 jornalistas para uma apresentação na casa da sua própria família, na região de Alphaville, em São Paulo. O trajeto, que costuma durar mais de uma hora de carro, foi feito em menos de 20 minutos, por helicóptero.
Na sala da sua casa, o executivo explicou que a experiência exclusiva de estar ali naquele local é o tipo de serviço que a empresa espera oferecer ao seleto grupo de clientes do novo cartão de ultraluxo da bandeira que acaba de chegar ao Brasil, o quarto mercado global a receber o produto para os endinheirados, ao lado de Emirados Árabes, Canadá e Índia.
O público potencial do Infinite Privilege é de apenas 200 mil pessoas no Brasil, mas para ter acesso ao cartão é preciso ser convidado pelos bancos. E a barra é bem alta: a expectativa é alcançar clientes que tenham um patrimônio de cerca de R$ 30 milhões, ou uma renda mensal de cerca de US$ 60 (mais de R$ 300 mil).
Um dos principais objetivos da Visa é dar mais munição para o esforço dos bancos na forma deles se relacionarem com os clientes ultrarricos. A ideia é que as instituições usem o novo serviço exclusivo para fidelizar essa classe de consumidores para que eles usem vez mais serviços do banco que oferece o cartão, um conceito que ficou conhecido como principalidade na indústria bancária, e que ganhou força na medida em que o mesmo cliente passou a ter conta em diversas instituições financeiras.
Além disso, segundo a Visa, o segmento é visto com importância, uma vez que o grupo de alta renda responde por quase 85% do volume de pagamentos internacionais.
Exclusividade
A noção de luxo silencioso se traduz das formas mais diversas de serviços exclusivos que estarão disponíveis aos clientes, entre eles o acesso a ingressos de shows esgotados em todo mundo, traslado de helicóptero até o aeroporto no Brasil, experiência de compra em lojas após o horário de funcionamento normal, além de uma sala VIP exclusiva no aeroporto de Guarulhos.
"A ideia é oferecer o que não está a alcance do dinheiro apenas", afirmou Alves, no encontro com os jornalistas, ao citar o convite para a apresentação na sua própria casa. "Queremos dar também o que o cliente tem de mais valioso: tempo."
Há vários exemplos desse tipo de experiências do tipo, desde o filho de um empresário brasileiro que pediu para conhecer uma equipe de Fórmula 1 no exterior, até um noivo que pediu para o serviço da Visa ajudar a arrumar um casamento num aeroporto. Outra oferta inusitada é tentar arranjar encontro dos clientes com seus músicos e artistas favoritos nos camarins de shows no Brasil e no mundo.
"Acesso é super importante. Temos que sempre viabilizar o caminho do sim", afirma Fernando Amaral, vice-presidente de Produtos & Inovação da Visa do Brasil.
Para ter acesso às experiências, os clientes terão acesso a um "gerente de estilo de vida", que ajuda a providenciar a parte logística e tirar os "desejos" dos clientes do papel.
A introdução do novo segmento no Brasil passou por um período de dois anos de estudos e se dará com a ajuda de uma empresa especializada em promover esse tipo de atendimento.
Segundo a Visa, foram examinadas as transações dos dez principais emissores de cartões de altíssima renda no Brasil, com gastos maiores que R$ 180 mil. O levantamento identificou que 90% das transações desse público são feitas com cartões de crédito, e que viagens são o principal foco.