Política
12h10 10 Julho 2025
Atualizada em 10/07/2025 às 12h10

Haddad: 'Única explicação para anúncio ontem é que família Bolsonaro urdiu ataque ao Brasil'

Por Eduardo Laguna e Giordanna Neves Fonte: Estadão Conteúdo

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou hoje a atuação da família Bolsonaro que, avalia, provocou a tarifa de 50% prometida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros. Trump classificou o processo sofrido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como "vergonha internacional" e "caça às bruxas" no ofício em que anunciou a elevação tarifária.

"A única explicação plausível para o que foi feito ontem é porque a família Bolsonaro urdiu esse ataque ao Brasil, com um objetivo específico, que é escapar do processo que está em curso, do processo judicial que está em curso", comentou Haddad.

"A única explicação é de caráter político envolvendo a família Bolsonaro. Isso não é uma acusação infundada que eu estou fazendo", acrescentou o ministro, citando declarações do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) de que as coisas podem piorar se o pai não tiver o perdão. Segundo Haddad, Eduardo está nos Estados Unidos "conspirando contra o Brasil".

As declarações foram dadas em entrevista coletiva com jornalistas de cinco veículos: Brasil 247, Carta Capital, Diário do Centro do Mundo, Fórum e TVT News.

Tarcísio

Conforme Haddad, o anúncio de Trump representa um golpe contra a soberania nacional, articulado por "forças extremistas" de dentro do País. Porém, segundo o ministro, a extrema direita vai ter que reconhecer mais cedo ou mais tarde que deu um "enorme tiro no pé", uma vez que a medida prejudica em especial as exportações de empresas e produtores do Estado de São Paulo, governado por Tarcísio de Freitas, um aliado de Bolsonaro.

Ao comentar as declarações de Tarcísio, que responsabilizou o governo brasileiro pela tarifa anunciada por Trump, Haddad disse que o governador "errou muito". "Ou uma pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo, e não há espaço no Brasil para vassalagem."

Segundo o ministro, não resta dúvida que o Brasil teve ontem um dia ruim, mas agora é preciso encontrar um caminho para reconstruir a boa relação com os Estados Unidos. "Temos uma relação histórica. Temos divergências de governos, muitas vezes, um governo que adota uma determinada postura, que adota outra. Isso é normal da democracia, você ter governos com orientações diferentes. Mas você não pode comprometer uma relação entre Estados em função de eventuais divergências, que podem e devem ser superadas pela diplomacia brasileira", assinalou Haddad.

Ele frisou que é também o momento de todos - setor produtivo e agronegócio - estarem unidos. Setores afetados pelo tarifaço americano já estão procurando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em busca de solução por um problema, conforme Haddad, "criado por uma família". "Eu quero crer que esse 'tiro no pé' vai ser revertido porque ele é insustentável", afirmou o ministro.

Haddad salientou que, apesar das divergências, o governo não mudou a atitude em relação aos Estados Unidos e respeitou o resultado das eleições no país, buscando cooperação econômica em diversas áreas. "Agora, quando você tem uma força interna trabalhando contra o interesse nacional, em proveito do interesse individual, aí você tem problemas", disse o ministro, referindo-se novamente à família Bolsonaro.

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