O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro nesta sexta-feira, 11, e associou o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) à tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados do Brasil.
A estratégia de Lula e do governo é culpar a família Bolsonaro pela decisão de Trump ter taxado o Brasil. O Palácio do Planalto tem explorado o discurso de ataque à soberania brasileira por parte dos norte-americanos.
A declaração de Lula foi dada em cerimônia de apresentação dos avanços do Novo Acordo Rio Doce, em Linhares (ES). Lula chamou Bolsonaro de "aquela coisa covarde que preparou um golpe neste País, não teve coragem de fazer, está sendo processado, vai ser julgado e mandou o filho dele para os EUA pedir para o Trump fazer ameaça".
O presidente brasileiro debochou do ex-presidente e de seu filho Eduardo e questionou a forma como Jair Bolsonaro vem enfrentando o processo do qual é alvo no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Que tipo de homem é esse que não tem vergonha de enfrentar o processo de cabeça erguida?", questionou Lula. "Bolsonaro vai ser julgado, se for inocente será absolvido, como eu, se for culpado vai à cadeia", disse. O petista, porém, não foi absolvido de seus processos. Suas condenações foram anuladas pelo STF após o que ficou conhecido como Vaza Jato (reportagens com mensagens atribuídas ao ex-juiz Sergio Moro e ao ex-procurador Deltan Dallagnol).
O presidente repetiu o que vem dizendo nos últimos dias sobre a balança comercial entre Estados Unidos e Brasil. Disse que Trump "está mal informado" e que o Brasil tem exportado menos aos norte-americanos do que o inverso.
"Com todo o respeito ao presidente Trump, o senhor está mal informado, muito mal informado. Os Estados Unidos não têm déficit comercial com o Brasil, é o Brasil que tem déficit comercial com os Estados Unidos", declarou, acrescentando, em tom irônico: "Eu que deveria taxar eles".
O presidente disse respeitar "muito os Estados Unidos e a relação com o Brasil". Voltou a dizer que vai "brigar em todas as esferas para que não haja taxação" por parte dos Estados Unidos, citando negociações entre os países e recurso à Organização Mundial do Comércio. Se isso não der resultado, disse que vai estabelecer a reciprocidade: "Taxou aqui, a gente taxa lá".
Apesar de não ter adotado um tom agressivo contra Trump na maior parte do discurso, Lula disse que o presidente dos Estados Unidos "seria preso" no Brasil se o episódio do Capitólio, ocorrido na capital norte-americana em 2021, tivesse ocorrido em território brasileiro.