O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse, em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira, 30, que não teve conhecimento de qualquer articulação golpista pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro depois do segundo turno das eleições de 2022. Tarcísio foi ministro da Infraestrutura do ex-presidente e é testemunha de Bolsonaro na ação penal que julga a tentativa de golpe de Estado.
Tarcísio relatou ter conversado com Bolsonaro entre novembro e dezembro de 2022, quando fez visitas ao ex-presidente quando ia a Brasília. O período é o mesmo em que o ex-chefe do Executivo é acusado de planejar um golpe de Estado, para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas ele afirmou que as conversas entre os dois não tiveram teor golpista.
"Jamais, nunca (tive conversa com intenção de praticar ato de tentativa de golpe de Estado), assim como nunca tinha acontecido durante o meu período no ministério", disse Tarcísio.
Questionado pelo advogado Celso Vilardi, responsável pela defesa de Bolsonaro, se teve conhecimento de algum fato que relacionasse o ex-presidente aos atos de 8 de Janeiro em Brasília, Tarcísio negou. "Não, nenhum. O presidente nem sequer estava no Brasil", disse.
Cotado como o principal nome para substituir Bolsonaro na eleição presidencial de 2026, Tarcísio exaltou sua relação de "proximidade e gratidão" em relação ao ex-presidente. "Eu sempre buscava a orientação do presidente pela sua experiência. O presidente sempre esteve comigo. Estava muito preocupado de eu acertar, procurando transmitir a experiência dele."
Tarcísio nega a pretensão de concorrer à presidência e tem dito que vai disputar a reeleição em São Paulo.
Ele disse que a única preocupação de Bolsonaro era que as coisas perdessem rumo no governo Lula. "Ele (Bolsonaro) lamentava e temia que a coisa desandasse", afirmou Tarcísio. O governador lembrou que a gestão Bolsonaro teve de lidar com "cinco grandes crises": a tragédia em Brumadinho (MG), a pandemia de covid-19, a crise hídrica de 2021, e a guerra na Ucrânia.
O depoimento durou menos de 10 minutos e Tarcísio só foi questionado pela defesa do ex-presidente. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, e Moraes abriram mão de fazer perguntas ao governador de São Paulo.
Tarcísio já saiu em defesa de Bolsonaro outras vezes. Em novembro do ano passado, quando o ex-chefe do Executivo foi indiciado pela Polícia Federal, Tarcísio afirmou que Bolsonaro teria respeitado o resultado das urnas. "Há uma narrativa disseminada contra o presidente Jair Bolsonaro e que carece de provas. É preciso ser muito responsável sobre acusações graves como essa. O presidente respeitou o resultado da eleição e a posse aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia", disse, na ocasião, o governador de São Paulo, no X.
Na mesma rede social, em fevereiro deste ano, Tarcísio disse que seu padrinho político "jamais compactuou" com qualquer tentativa de golpe. Ele havia sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), como líder de um plano golpista.
Em março, quando o Supremo recebeu a denúncia da PGR e tornou Bolsonaro réu, o governador de São Paulo repetiu que o ex-presidente é a principal liderança política do Brasil "e assim seguirá".