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11h00 11 Julho 2025
Atualizada em 11/07/2025 às 11h00

Entenda por que Taylor x Serrano é a maior luta do boxe feminino e vai entrar no Guinness Book

Por Wilson Baldini Jr. Fonte: Estadão Conteúdo

O tradicional ginásio do Madison Square Garden, em Nova York, será palco de uma sexta-feira histórica para o boxe feminino. Um evento com oito lutas previstas vai colocar 17 títulos mundiais em jogo, o que vai garantir um lugar no Guinness Book, o livro dos recordes. Além disso, os amantes da nobre arte poderão acompanhar no duelo principal o terceiro combate entre a irlandesa Katie Taylor e a porto-riquenha Amanda Serrano, duas das maiores boxeadoras da atualidade.

Taylor vai defender diante de Serrano o título unificado dos pesos meio-médios-ligeiros do Conselho Mundial de Boxe (CMB), Organização Mundial de Boxe (OMB), Federação Internacional de Boxe (FIB) e Associação Mundial de Boxe (AMB).

Enquanto isso, a indiscutível rainha superpena Alycia Baumgardner (15 vitórias e 1 derrota) defenderá seus quatro título contra a invicta espanhola Jennifer Miranda (12-0). Uma terceira luta indiscutível na divisão peso galo entre Cherneka Johnson (17-2) e Shurretta Metcalf (14-4-1) eleva o total de cinturões para 12.

Os outros cinco títulos mundiais serão disputados em duas lutas preliminares. Savannah Marshall (13-1) e Shadisa Green (15-1) disputarão os cinturões supermédios da FIB e da OMB, antes de Ellie Scotney (10-0) e Yamileth Mercado (24-3) disputarem os cinturões supergalo da FIB, OMB e CMB.

"Este é exatamente o tipo de história que pretendíamos fazer quando fundamos a Most Valuable Promotions", disseram os cofundadores da MVP, Jake Paul, o youtuber que venceu no ano passado Mike Tyson, e Nakisa Bidarian, em comunicado conjunto.

ONDE ASSISTIR A TAYLOR X SERRANO?

Taylor e Serrano se enfrentaram em 2022 e 2023. No dois duelos, a vitória ficou com a boxeadora europeia, mas o equilíbrio foi tão grande que um terceiro embate se tornou obrigatório. O interesse dos fãs é tão grande que a programação toda será transmitida no Netflix, a partir das 21 horas. Todos os ingressos foram vendidos.

Uma união das características de Taylor e Serrano poderia moldar a "boxeadora perfeita". Elas só têm o sucesso nos ringues em comum. No restante são totalmente diferentes, o que torna o confronto imprevisível e intrigante.

Aos 39 anos, Taylor foi campeã olímpica em Londres-2012 e somou 260 lutas amadoras, com cinco títulos mundiais. Atual dona dos títulos unificado dos pesos meio-médios-ligeiros, a irlandesa, de 1,65 metro de altura e 1,68m de envergadura, é muito rápida e gosta de lutar na curta distância, mas não tem pegada, com apenas seis vitórias por nocaute, em 24 triunfos. Ela perdeu uma vez.

Com 1,66m de altura e de envergadura, Serrano, de 36 anos, é demolidora, com 31 nocautes em 47 vitórias. Soma três derrotas e um empate. Campeã em sete categorias, possui estilo clássico, forte jab e sabe comandar as ações na média e longa distância.

"Sabemos da importância desta luta para o boxe feminino e tenho certeza de que faremos um grande combate mais uma vez", disse Amanda Serrano. "Será uma noite especial para o boxe feminino, o verdadeiro vencedor da noite", completou Katie Taylor.

Apesar do reconhecimento da imprensa e dos fãs, Taylor e Serrano ainda lutam contra o preconceito. O boxe feminino ainda não tem o mesmo holofote que o masculino, a ponto das bolsas recebidas pelas lutadoras, de US$ 6 milhões (cerca de R$ 33,5 milhões) ser 5% da recebida pelo ucraniano Oleksandr Usyk, campeão mundial dos pesos pesados, para derrotar o inglês Tyson Fury, em dezembro passado.

CONHEÇA A HISTÓRIA DO BOXE FEMININO

As mulheres se aventuraram no boxe em 1720. A inglesa Elizabeth Wilkinson foi a primeira a se destacar em lutas públicas. Apesar do sucesso com o público, o boxe feminino foi proibido e só voltou a ser praticado de forma tímida no início do século XX.

Em muitas cidades inglesas, moças se reuniam no alto dos prédios para praticar o pugilismo, longe dos olhares recriminadores dos homens. Lutas de exibição passaram a ser aceitas e Polly Burns era o grande destaque, apesar de não encontrar muitas adversárias e nem eventos pra se apresentar.

Meio século depois, Barbara Buttrick, JoAnn Hagen e Phyllis Kugler ajudaram na Inglaterra e Estados Unidos a promover o boxe feminino em nível internacional. O problema é que as comissões de boxe se recusavam a sancionar lutas femininas, alegando falta de segurança e que "boxe não era para mulheres".

O boxe feminino só foi legalizado no final da década de 70. Nos anos 90, a americana Christy Martin, impulsionada pelo empresário Don King, ganhou notoriedade ao fazer parte de lutas preliminares de Mike Tyson. Outra ajuda para o reconhecimento das mulheres nos ringues foi a inclusão do boxe feminino nos Jogos Olímpicos em 2012.

Nos últimos anos, o nível técnico das pugilistas tem crescido de forma impressionante, com a realização de grandes combates em eventos bastante rentáveis e com grande audiência.

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