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22h30 10 Julho 2025
Atualizada em 10/07/2025 às 22h30

'Estamos sitiados': moradores relatam tensão no Morumbi em meio a confrontos em Paraisópolis

Por Ítalo Lo Re, Juliana Domingos de Lima e Fabio Grellet Fonte: Estadão Conteúdo

Em meio aos confrontos entre moradores de Paraisópolis, na zona sul da capital, e a Polícia Militar nesta quinta-feira, 10, o clima é de tensão na região do Morumbi. A Avenida Giovanni Gronchi voltou a ser liberada para carros por volta das 21h30, mas com situação ainda estremecida por causa dos confrontos. Ao menos 10 viaturas da PM, com equipes com armas de grosso calibre, permanecem no local.

"Estamos sitiados", disse um morador.

Na prática, foi isso que aconteceu com quem parou na altura do número 3.500 da Avenida Giovanni Gronchi. Agentes da PM avançaram por ambos os lados da via para conter os protestos. Restavam, como alternativa, ruas menores do bairro. "Mas como eu vou passar por ali para trabalhar? Agora está tudo escuro, sem movimento", disse uma trabalhadora da região.

"Minha filha estava passando mal, tive que parar às pressas aqui", disse um engenheiro de 53 anos, que se abrigou com a família na loja de conveniência de um posto de gasolina na Giovanni Gronchi. O carro ficou estacionado no improviso.

"Eu moro aqui do lado, mas não consigo chegar", disse. Quando falou com a reportagem, ele estava ali havia pelo menos duas horas. Andava de um lado para o outro. "Só quero sair daqui", afirmou outro motorista, que também preferiu não se identificar.

Segundo trabalhadores da região, a confusão se intensificou por volta das 18h. Uma cuidadora de 53 anos chegava para trabalhar quando teve de se ajeitar dentro de um comércio a portas fechadas. "Meu marido está falando para eu voltar para casa, na zona norte, mas como eu volto? Também não passa mais ônibus."

O protesto começou depois que a Polícia Militar realizou na tarde desta quinta-feira uma operação em Paraisópolis, após averiguação de denúncia sobre a presença de armamento pesado no local. Durante a ação, houve confronto com criminosos. Três indivíduos foram presos, um morreu no local e não há policiais feridos até o momento.

Ainda segundo a PM, foram apreendidos 2 pistolas, 1 revólver, 7 carregadores de pistola, sendo 2 com prolongadores. Também foram apreendidos drogas, dinheiro e celulares.

Barricadas com objetos queimados fecharam ruas de acesso à comunidade. Carros foram virados em meio aos protestos. Alguns automóveis que passavam pelo local também foram apedrejados e motoristas, agredidos.

A Tropa de Choque da Polícia Militar foi deslocada para Paraisópolis e a comunidade foi cercada. Equipes do Corpo de Bombeiros também foram mobilizadas.

Em entrevista à TV Globo, o coronel Emerson Massera, chefe da comunicação da PM, recomendou que as pessoas evitem a região. "A PM está com presença bastante forte, mas enquanto isso, orientamos que a população evite circular pela região", disse. "Reforçamos a segurança no entorno para prevenir novos crimes e proteger os acessos à comunidade, com o objetivo de manter a ordem. Os atos praticados são criminosos, ações de vândalos, sem sentido ou propósito."

A Secretaria de Mobilidade Urbana e Transporte informou que a concessionária Transcap relatou à SPTrans que quatro ônibus foram abordados enquanto estavam em operação e deixados na via. Ao todo, 11 linhas estão com as suas respectivas operações prejudicadas.

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