Um médico de 38 anos e sua mãe, de 67, foram presos nesta terça-feira, 6, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, suspeitos de terem usado um veneno conhecido como chumbinho para matar a esposa dele.
A prisão é temporária. Ortopedista Luiz Antonio Garnica e a mãe dele, Elizabete Arrabaça, passariam por audiência de custódia ainda nesta quarta-feira, 7. Dias antes de morrer, Larissa Tale Rodrigues teria descoberto que o médico tinha uma amante.
O advogado Julio Cesar Guimarães Mossin, que defende o suspeito, disse que Luiz Antonio não matou a esposa e que a prisão dele é ilegal.
O advogado Bruno Correa Ribeiro, que atua na defesa de Elizabete Arrabaça, alegou que ainda não teve acesso a todo teor da denúncia.
O delegado Fernando Bravo, responsável pelas investigações, afirmou que pediu a prisão temporária do médico e de sua mãe após o laudo toxicológico apontar a morte da vítima ter sido decorrente de envenenamento. O pedido foi acatado pela justiça.
Larissa morreu em março deste ano. Formada em educação física, ela tinha 37 anos e trabalhava como professora de pilates em uma academia de Ribeirão Preto. Dias antes, ela havia relatado a amigos e familiares uma relação extraconjugal do marido e, também, que vinha tendo problemas intestinais.
Segundo uma testemunha, ela encontrou brinquedos sexuais no carro do marido e comprovantes de uma viagem que ele tinha feito com a outra mulher para São Paulo. Larissa chegou a filmar Luiz Antonio entrando no prédio onde mora a amante.
Morte no banheiro
No dia 22 de março, Garnica chamou a polícia após ter encontrado a esposa morta no apartamento do casal, no Jardim Botânico, zona sul da cidade. Ele relatou que trabalhava em um plantão e não teria conseguido contato com a mulher de manhã. Ao chegar em casa, encontrou a esposa caída no banheiro e, por ser médico, a colocou na cama e tentou reanimá-la.
Quando a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou, constatou que o corpo já apresentava rigidez cadavérica e que a morte teria ocorrido há cerca de dez horas. Segundo a investigação, o comportamento do médico levantou suspeitas. Havia forte cheiro de produtos de limpeza no imóvel. O caso foi registrado como morte suspeita.
As investigações iniciais revelaram que a mulher estava frustrada com a descoberta do caso extraconjugal do marido.
A investigação apurou que, 15 dias antes da morte da nora, a mãe do médico havia procurado o veneno chumbinho para comprar. O raticida doméstico, altamente tóxico, foi banido do mercado brasileiro em 2012, mas continua sendo vendido de forma clandestina.
O exame toxicológico apontou o envenenamento pelas substâncias encontradas no raticida como a provável causa da morte da vítima. A investigação apurou que a sogra havia ligado para uma amiga fazendeira perguntando sobre o chumbinho e onde poderia comprar a substância.
A idosa foi a última pessoa da família a ter contato com Larissa, na véspera de sua morte. Segundo o delegado, a mulher pode ter sido envenenada ao longo de uma semana. Dias antes de morrer, ela havia relatado dores de barriga e diarreia.
A investigação ainda apura quem forneceu o chumbinho usado para matar a vítima. A mulher com quem o médico estava se relacionando também está sendo investigada. Na véspera da morte de Larissa, ela foi ao cinema com o médico, possivelmente para simular um álibi. O celular dela, do médico e da mãe dele foram recolhidos para perícia.
O médico foi preso em sua clínica médica, no Jardim Califórnia. Sua mãe, Elizabete, foi presa no Jardim Irajá, na zona sul da cidade. Segundo seu advogado, na delegacia ela passou mal e foi socorrida pelo Samu. Ele confirmou que ela teve alta de madrugada e seria apresentada na audiência de custódia, nesta quarta.
Irmã morta
Com a confirmação do envenenamento como causa da morte de Larissa, a Polícia Civil avalia pedir a exumação do corpo da irmã do médico, Nathalia Garnica, que morreu em fevereiro deste ano aos 42 anos de idade. Na época, a morte foi atestada como decorrente de um infarto, mas a polícia quer ter a certeza de que não houve envenenamento, já que as circunstâncias foram semelhantes à da morte da mulher do médico. Ainda não houve pedido formal à justiça para exumação.