Conflitos
13h40 25 Julho 2025
Atualizada em 25/07/2025 às 13h40

Mais 9 pessoas morrem de fome em Gaza e Israel promete liberar entrega de ajuda por via aérea

Por Redação O Estado de S. Paulo Fonte: Estadão Conteúdo

A crise de desnutrição severa em Gaza entrou no seu quinto dia com a morte de mais nove pessoas por fome aguda, segundo autoridades médicas no território palestino, controlado pelo grupo terrorista Hamas. No total, 54 pessoas morreram de fome nesta semana e 122, desde o início do conflito - 83 delas são crianças.

Sob pressão da comunidade internacional, o governo israelense prometeu permitir que países árabes façam entrega de comida, remédio e água por via aérea, com aviões despejando pacotes com paraquedas sobre o território devastado pelo conflito.

As entregas serão feitas pelos Emirados Árabes e a Jordânia, segundo a imprensa israelense. O procedimento, no entanto, não é recomendado por especialistas e agências de ajuda humanitária, já que o risco de provocar tumulto entre civis afetados pela fome é grande. Além disso, a precisão das entregas aéreas não é garantida e parte dos mantimentos pode cair no mar ou fora das fronteiras do território ocupado por Israel.

Segundo entidades como o Comitê Internacional de Resgate e o Programa Mundial de Alimentos da ONU, cerca de 500 mil palestinos, de uma população de 2 milhões, sofrem insegurança alimentar e outros 100 mil estão em situação de inanição. Um terço da população chega a ficar vários dias sem comer e há o temor de que a situação piore sensivelmente nos próximos dias.

Atualmente, 70 caminhões entram por dia em Gaza, de um total de 160 previsto por um acordo entre Israel e a União Europeia. O mínimo viável, segundo o Programa Mundial de Alimentos, são 100.

Desde o início da guerra, Israel restringe a entrada de alimentos e combustível em Gaza, mas entre março e maio, proibiu completamente a distribuição de ajuda humanitária em Gaza para tentar pressionar o Hamas a se render, exacerbando a já severa privação que afetava o território palestino.

Nos últimos dias imagens de crianças esqueléticas estamparam as redes sociais e as capas dos principais jornais internacionais, ampliando a pressão internacional por um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

Negociações em xeque

Apesar da pressão, no entanto, Israel e os Estados Unidos paralisaram as negociações na quinta-feira, acusando o Hamas de não fazer concessões suficientes para uma trégua. O grupo não aceita os postos de controle do Exército israelense durante a potencial paralisação de 60 dias no conflito. O Hamas, no entanto, diz que os EUA optaram por abandonar as negociações.

Nesta manhã, na Casa Branca, o presidente americano, Donald Trump, acusou o Hamas de não querer o acordo e disse que Israel precisa "liquidar" a situação.

"O Hamas será caçado", disse.

O premiê israelense, Binyamin Netanyahu, afirmou que estuda outras medidas para resgatar os cerca de 20 reféns que ainda estão em poder do Hamas em Gaza.

"O enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, estava certo. O Hamas é o obstáculo para um acordo de libertação dos reféns", afirmou em comunicado.

"Em colaboração com nossos aliados americanos, estamos atualmente explorando outras opções para trazer de volta os nossos reféns, pôr fim ao regime terrorista do Hamas e garantir uma paz duradoura para Israel e a nossa região."

Pressão europeia

A maior parte da pressão internacional pelo fim do conflito e um alívio na epidemia de fome tem vindo dos países europeus. Ontem, o presidente francês, Emmanuel Macron, prometeu reconhecer o Estado palestino independente durante a próxima Assembleia-Geral da ONU, em setembro.

Nesta manhã, ele discutiu a crise com o chanceler alemão, Friedrich Merz e o premiê britânico, Keir Starmer. Em Roma, o ministro das Relações Exteriores italiano, Antonio Tajani, disse que a Europa não pode mais aceitar o massacre de civis e a epidemia de fome em Gaza.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, criticou a comunidade internacional por ignorar o sofrimento dos palestinos famintos na Faixa de Gaza e denunciou uma "crise moral que desafia a consciência global".

"Não consigo explicar o nível de indiferença e inação que vemos em tantos atores na comunidade internacional: a falta de compaixão, a falta de verdade, a falta de humanidade", disse Guterres durante um discurso na assembleia da Anistia Internacional.

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